Injustiça

Tenho ali do lado direito uma coisa chamada o Citador, que todos os dias se auto-actualiza  com uma frase nova de um “alguém”, mais ou menos conhecido.

Eu, que sou vidrada por esse tipo de coisas, e acho interessantíssima a capacidade que um conjunto de palavras, bem articuladas, tem para nos transmitir algo, tratei  logo de o adicionar assim que o descobri, num passeio internético.

Amo, de paixão, o poder de síntese de quem emite estas postas de pescada.

E porque acho que sofro de incontinência verbal  na altura de explicar algo.  Excesso de pedagogia herdado da mãe ou característica inata do sexo  feminino. Por isso fico fascinada  com estas ideias bem construídas. Adoro.

Uns destes dias, vim visitar-me e eis que me deparo com esta frase no citador

“A longo prazo, todos estaremos mortos"

A frase era atribuída a um tal de John Keynes.

E pensei para comigo: “Grande coisa…isso toda a gente sabe…qual é a novidade?”.

Fiquei com pouco apreço pelo homem.

Que iluminura será esta que produz tal frase?

Recriminei-me até por ter uma coisa destas aqui adicionada. Entretanto já me reconciliei comigo e com o dito Citador, mas esteve para ser retirado. E a grande velocidade.

Tão incomodada fiquei que andei a remoer no assunto. E de repente percebi a injustiça que foi feita à Lili Caneças.

Que diferença tem esta frase, deste senhor, que vim a saber pela Wikipédia que é tão somente uns dos  pais da macroeconomia (seja lá o que isso quer dizer), e a celebre frase da Lili, “O contrário de estar vivo é estar morto”?

Qual é?

Nenhuma.

Dai que me tenha apercebido da tamanha injustiça que foi feita à senhora. Todos nós temos dias menos bons. Até o John Keynes, Até a Lili Caneças. Até o “idiota” que faz a selecção das frases para o Citador. Até eu que passei tanto tempo a escrever este post.

Até eu!

Resta-me prestar a minha homenagem e oferecer a minha solidariedade num momento menos bom.

Merece.