Como já disse e repeti, gosto do meu trabalho.
Mas como qualquer trabalho, chega a uma altura do dia ou da semana em que me sinto presa. Encerrada entre quatro paredes sem ter uma palavra a dizer. E farta do trabalho e de todos os que estão à sua volta. Colegas, clientes, fornecedores, não os posso nem ver. Só quero sair dali para fora e o mais depressa possível.
Para quê?
Pasme-se: não sei bem, porque de imediato fico perdida e sem saber o meu lugar no mundo sem a vertente trabalho.
Isto parece conversa de quem não está boa da cabeça, mas é mesmo assim.
A mesma coisa me acontece ao fim de semana, não sei como os ocupar, fico à toa, sem saber o que quero e a ver as horas a esvaírem-se, sem que eu consiga arranjar uma actividade em que considere o meu tempo bem empregue e com a qual fique satisfeita e realizada.
Se passarmos para o assunto férias...temos do mesmo.
O sofrimento de ter horas infindas diante de mim e de como as ocupar.
Pode não ser credível o que digo, mas é uma situação que me atormenta.
Bem entendido que isto tem uma explicação. A minha pelo menos. Que terá várias vertentes mas que esta é talvez a maior: Estou sem férias dignas desse nome vai para dez anos.
Deixei de saber o que são dias sem trabalhar.
A regra é o trabalho. Muito ou pouco, ele está sempre presente. É ele que marca o compasso dos meus dias. Sem ele, como digo, fico perdida. Diga-se mesmo que gravemente perdida.
Tomei consciência que se não inverter a situação, estarei a caminhar para que "o não estar boa da cabeça" passe de uma mera hipótese para uma certeza quase que absoluta.
E para o agravamento desta situação de não saber o que fazer.
Este ano, num acto de loucura, obriguei-me a tirar 8 dias consecutivos de férias. 8 dias para me afastar, parar e desfrutar.
E sofri com a falta do que fazer. Não direi imenso, que seria ridículo dizê-lo, mas que estranhei, estranhei.
Sei que tenho de continuar com esta imposição a mim própria para conseguir sair deste ciclo.
Que tenho de me "obrigar" a "este sacrifício" para que me volte de novo o paladar da vida, quando estou fora do trabalho e do controlo do negócio.
Mas não sei quando conseguirei sair desta "perdição".
Se é que alguma vez recuperarei desta doença.
Espero que não demore muito tempo.