domingo, 28 de setembro de 2008

Inconsolável

Encontrando-me eu destituída de todo e qualquer artigo existente num supermercado (entenda-se a dispensa cheia, mas onde faltavam umas quantas coisinhas, que não sendo essenciais ao meu dia-a-dia me estavam a fazer uma comichão danada não ter cá em casa) dirigi-me ao dito sitio de forma a colmatar esta minha necessidade.
Habituada a optimizar tudo como estou e já que odeio desperdícios, ando pelos corredores do supermercado a ver o preço por unidade, por mililitro, por tudo e mais alguma coisa com a cegueira de não desperdiçar nem um centavo (ainda prefiro os centavos aos cêntimos, hei-de morrer assim!).
Eis senão quando me deparo com a prateleira dos papéis de cozinha, artigo que na verdade pouco gasto, mas cuja gestão de stocks cá da casa dizia ser imperativo comprar. Pois.....compre-se!
Critério: o preço mais barato por unidade e o papel ser branco ou de outra cor qualquer mas todo ele igual e sem desenhos.
Existia o dito artigo em prateleira. Meta-se no carro. Espera....está aqui um mais barato...uhm....estes homens do Modelo não sabem fazer contas....ora este que tenho na mão custa € 2.89 e por unidade € 0.60 por unidade e aquele ali € 2.39 e 0.75 por unidade......as contas estão erradas! Grandes burros! Venha o mais barato. Não estou para alimentar vícios do Belmiro.

Ai!
Pois que acabei de arrumar as compras. Olho desesperada para o papel de cozinha. Barato que foi.....MAS TEM BONECOS!!!!!!!! Umas cenouras horrendas, umas fatias de bolo! Como pode?
Faz parte dos meus princípios de vida....papel de cozinha é branco!!!!!!!!!!!!!
E agora! Vai durar-me pelo menos um ano a gastar! Estou inconsolável. Erros e precipitações que se fazem nesta vida ..... e depois?
Depois é viver com as consequências!
Ai Ai!

sábado, 20 de setembro de 2008

Desilusão

No mês de Junho, e numa conversa à mesa de uma esplanada, falava da desilusão que fora para mim conhecer um "alguém".
"Alguém" esse de quem eu fizera, na minha cabeça, uma imagem de acordo com aquilo que me foi sendo passado durante um período de convivência mútua. Era uma imagem que eu gostava, mas que mais tarde vim a perceber ser bastante diferente da real. Uma imagem que tinha um reverso, uma outra face que eu desconhecia, de todo em todo, e que de facto não gostava nada mas nada.
Depois desta conversa que tive enquanto tentava apanhar sol num dia cinzento e chuvoso de verão, e quando fiquei sozinha a falar com os meus botões, e sendo peniquenta com as palavras, comecei a escalpelizar esta coisa da desilusão. E porque tinha eu dito que fora uma desilusão.
É que assumir uma desilusão pressupõe acreditar numa ilusão.
E de facto em ilusões eu não acredito.
Como podia eu então aplicar a palavra desilusão se achava que ilusões não existem?
Voltas e revoltas que dei a argumentar comigo e com a razão de ter aplicado tal palavra.
Conclui que não devia tê-lo feito.
Se não acredito em ilusões nunca poderei ter uma desilusão.
Não é possível segundo o meu conceito desta palavra.
Não existe a "desilusão".
O que existe então que justifique um pesar, um volte face, um....ver diferente para com alguém? Que eu diga que vivi uma desilusão?
Cheguei à conclusão que é falta de transparência.
Existe "alguém" que nos mostra uma face, que não ilude, mas que mostra uma face e que depois, de acordo com as circunstâncias se nos vai revelando na sua verdadeira essência.
Faz
parte do ser humano ser complexo, e é, inclusive, impossível abarcá-lo em toda a sua complexidade e perceber como é na sua plenitude. Mais difícil se torna se alguém que connosco convive tem falta de transparência. De seriedade e de lealdade para com os outros e para connosco.
Foi isto que me levou a falar de desilusão.
Infelizmente (felizmente!?!) eu sou muito transparente e a esta imagem vejo o resto do mundo e assim o interpreto.
Mas o mundo não é assim.
E eu não sou capaz de aprender a ser diferente.
E gosto de ser assim.
O pior?
É a desilusão................e com um enorme sorriso o escrevo!
É que apesar de não ter ilusões, de achar que não me iludem, eu, no fundo, no fundo desiludo-me!
Curioso, não?