Cheguei a casa. Contei o dinheiro. E com o investimento de uma manhã do meu muito precioso descanso, arrecadei 63 euros e vi-me livre de incontáveis camafeus que me assombravam a casa. Pois que me armei em Tendeira e fui vender para a Feira. Não se pense que é trabalho fácil ou ofício que se inveje. Desde o ter de arranjar todo o material a comercializar, escolher o que levar, ponderar se conseguia separar-me de objectos que apesar de não me servirem para nada, de serem abomináveis em termos de gosto, podiam ser-me úteis em alguma situação e eu, numa atitude impensada tinha-me desfeito deles!, carregar o carro, acordar às 6.30 da matina!!!!!!!!!!!!!, correr em direcção ao recinto senão ficava à porta. Eu mais os artigos. Expôr aquela traquitana toda cheia de vergonha e a pensar “Devo estar doida! Mas quem é que vai pegar neste horrores?”. Passar 4 longas horas à torrina do Sol, sem lugar para me sentar a não ser o chão, sem água para beber porque na pressa de sair de casa ficou esquecida, acometida de uma súbita má disposição intestinal que me causava suores frios e que graças aos santinhos pude resolver dadas as boas condições do espaço, que é como quem diz, existia uma casa de banho por perto. Resignar-me a ficar com um bronze de trabalhador ao ar livre porque tanto Sol assim apanhado, só podia dar nisso mesmo, e perceber que esta vida não é fácil.
Mas gostei. Senti-me nas minhas sete quintas e adorei ouvir logo, logo, assim que acabei de expôr as coisas um “Quanto é que está a pedir por esta jarrinha?”, “3 euros” disse eu. E o meu 1ª negócio fez-se! Nem queria acreditar na facilidade com que aconteceu. E lá foi a dita jarrinha, a que eu não tinha estima alguma, com a Senhora, que na certa lhe dará mais carinho e consideração do que eu. Sinceramente fiquei satisfeitíssima. Acho que mais com o destino que assim deu à jarra uma proprietária que a aprecia, do que propriamente com o iniciar da minha facturação. E fui sentindo isto ao longo de todas as outras vendas. Eu sem amor algum aquelas coisas e as pessoas a quererem comprá-las! Foi giro juntar destinos desta forma.
Vou voltar. Não tão cedo. Até porque terei de fazer uma pesquisa mais apurada de coisas para vender, mas estarei lá caída de novo mais dia, menos dia.
Logo eu que de cima do meu nariz achava degradante ir vender para a Feira e olhava de lado quem o fazia. Ideia preconceituosa! É giríssimo fazê-lo! E chegada a casa não consigo evitar olhar para tudo como artigo passível de ser transacionado. É viciante!
O Euros que consegui têm destino. E vai saber-me muito bem usá-los.
A experiência?
Amei!