Todos nós temos ideia daquilo que somos. Da mesma forma que todos nós temos opinião formada sobre aquilo que, de todo em todo, não somos.
Este olhar para dentro é sempre um bocadinho facioso e carregado de parcialidade, porque em causa própria tendemos a ser cegos e nada objectivos. Sobretudo quando nos estamos a projectar numa imagem que achamos nada ter a ver connosco.
Algumas destas ideias, do como somos, são imensamente disparatadas e bem distantes daquilo que na realidade é a nossa forma de estar. Mas é privilégio individual este de nos vermos como entendemos.
Claro que estes auto-retratos muitas vezes ficam completamente destruídos quando somos confrontados com a forma como os outros nos vêem. Aí o caso muda de figura. E das duas, uma. Ou damos a mão à palmatória e assumimos a opinião que foi dada ou não nos revemos mesmo nela e ficamos devastados com a situação.
(mais coisa menos coisa, porque exageros de linguagem são mesmo imagem de marca minha, venha o primeiro que diga que não, só significa que não me conhece. Ou então que ainda não lhe mostrei os dentes)
E este preâmbulo todo para dizer que não me acho nada um modelo a seguir, que detesto, incluso, que me vejam como a Miss Perfeitinha, mas que tenho ideia que toda a gente acha que sou a perfeição no rigor, no empenho, na responsabilidade, na capacidade de assumir tarefas e funções. E não porque me tenham dito. Mas sinto que sou vista assim pela forma como me tratam. E se tem dias que até me revejo nesta visão sobre a minha pessoa, outros há que acho que estão absolutamente enganados. Como acontece nestes últimos tempos.