domingo, 29 de agosto de 2010

Mapa mundo

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Acabo de adquirir,  a preço módico, um enorme e pormenorizado mapa mundo. Debato-me, neste momento, com um  problema que parecendo de somenos importância, tem no entanto uma enorme relevância: em que parede o pespegar!

A casa é amplamente dotada das ditas, mas vejo-me a braços com a circunstância de todas se encontrarem já com adornos que impossibilitam a colocação concomitante do algo tão grande como este meu mapa mundo.

Nada que me fizesse esmorecer na hora de o comprar, até porque este é um sonho antigo, o de ter o mundo a meus pés. Mais propriamente e neste caso, debaixo do meu  olho, para executar amplas planificações relativas aos sítios para onde hei-de dirigir-me, ou para onde não me dirigirei, nem que a vaca tussa.

Trata-se de algo que nunca mais vai deixar de estar ao pé de mim dada a sua enorme serventia. Daquelas coisas basilares e que posso afiançar me há-de acompanhar toda a minha vida. Não sei se faça lá algumas marquinhas dos sítios onde já estive. Ou se por outro lado  me dedique  a assinalar  os sítios onde quero ir. Não sei mesmo. Entretanto e enquanto não decido mais este assunto, vou ver da parede!

Angústia

A enorme angústia de quem se vê a acabar um livro, companheiro inseparável de muitas e longas horas. O travar que sempre me acompanha quando começo a ver que as páginas escritas estão a escassear. O consumir de letras,  cheia de remorso. Não sendo culpa minha, a velocidade com que leio  torna-se  factor determinante para definir o momento em  acaba a relação entre mim e a história. O sentimento de culpa que me assola quando devoro letra após abra%C3%A7ar livros[1]letra. O tentar não acabar o livro de forma a perpétua-lo mas sem abdicar do prazer de o ler. Como se fosse compatível tal atitude.

Tantas vezes já me aconteceu. Não direi  que sempre  e em todos os livros por mim lidos, mas na sua grande maioria este é um cenário que retrata bem o “momento”.

O “momento” do final.  Da inevitável separação. Mesmo quando um livro não é aquilo que nós esperava, é dificil sair dele, da sua história e das suas personagens  e entrarmos logo noutro supetão. Quanto mais se foi um gosto lê-lo!

E o que se segue não é melhor. Aliado a esta angústia surge a incerteza da aquisição de um novo livro.

E agora?  O que vou ler? A que livro me vou ligar e que livro será digno de me acompanhar? Qual será o livro que me trará de novo prazer? A  inevitável visita à livraria. A busca por aquele que será o “certo”. A leitura das sinopses, coisa que a experiência me diz de nada servir mas que me habituei a fazer, qual condição sine qua non para vir com um livro para casa. O folhear e o ler de   passagens do dito cujo.  O avaliar do número de páginas que o livro tem. Querem-se coisas muito elaboradas e carregadas de páginas. O drama de saber se vou gostar. O ter de decidir. O não puder voltar atrás com a escolha. Não se começa um livro e  deixa-se em meio porque não se gosta. Há que ler até ao final para saber se sim, se não. Dai a determinante da escolha. Vá que se arranja uma estopada e tem de se levar até ao fim!

Enfim! Angústias enormes que passa quem quer ter um prazer tão simples como é o ler. E que acaba de vir de uma visita algo demorada a uma livraria(=Fnac)  com uma enorme insatisfação por não ter encontrado o ”tal”,  tendo de se contentar com o que havia disponível no momento.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Como se anda

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Calor. Imenso. Hora de almoço. A sensação de quem entra dentro de um forno a 200ºC  quando se saí de um prazeiroso ar condicionado regulado para os 23. A longa travessia entre o local de trabalho e o carro. Longa…

O carro, qual miragem que parece estar logo ali, mas que está longe para burros, quanto mais para aqueles que não o são.  O padecimento de quem se arrasta até ele tentando alcançá-lo o mais depressa possível, que não  pode ser muito depressa por causa do…calor, claro.

Chegada junto do mesmo e em virtude de não ter pilha no comando  à distância que o abre, surge o gesto de pôr a chave na fechadura.

Pronto…aberto está. Um forno ainda pior que o primeiro. O ar acondicionado e condicionado por uma manhã de sol está insuportável. Sua-se em bica. Os cabelos colam-se ao pescoço, sentem-se gotinhas cara abaixo. Imagina-se uma desidratação a todo o momento.  Porta fechada. Cinto a pôr-se.

Vamos embora. A chave para pôr na ignição. A chave. A chave? A chave! Segundos passados a tentar localizá-la. Dentro do carro e depois dentro da cabeça. Dúvidas que se instalam: “Se abri a porta é porque trouxe a chave, não é? Costuma ser assim…” Segundos que se arrastam. Onde está?

Eureka! Está na fechadura da porta, essa mesmo que fica do lado de fora do carro. Essa mesma que se fechou depois de entrar. Essa mesmo…!

Assim se anda! Em que os gestos mecânicos do dia a dia estão tão mecânicos que dá nisto. Um ser disfuncional nos pequenos pormenores como articular pensamento que é preciso tirar a chave da fechadura.