quarta-feira, 29 de julho de 2009

Elogio

Lido mal com elogios. É muito raro aceitar algum sem fazer uma enorme birra  e  desancar de imediato quem o emitiu. Tenho de estar muito distraída para que passe sem reclamar. Ainda assim, e  bem entendido que não sendo nenhuma  selvagem social, muitas vezes não tenho outro remédio senão encaixá-lo, mesmo que a contra gosto. A estratégia, nesta situação, é um bocadinho diferente da anterior.  Mudo, às pressas, de assunto para poder  acabar com o embaraço momentâneo, que me atacou, o mais depressa possível. Ou começo de imediato a tentar convencer os outros que estão a ver mal e que não, aquele elogio não pode ser para mim.

Mas  as pessoas, vá lá saber-se porquê, gostam de me elogiar. Outro dia foi a minha pele:

“A tua pele está fantástica. Mesmo bonita!”

Eu, a disfarçar, fui logo dizendo “Está?! Nem creme tenho posto! Ando na fase da preguiça.”

“Ai sim?” Dizem-me.

E blá blá para cima, blá blá para baixo, lá me escapei  ao assunto sem padecer de um grande tormento.

Mas de repente pus-me  a pensar.

“Gasto eu rios de dinheiro (nem tanto assim porque sou mais forreta que o Tio Patinhas em certas coisas), rios de dinheiro! Horas da minha vida a limpar, a aplicar creme. a cuidar da cutis e é precisamente num período em que  a preguiça anda  toda à flor da pele, que não me lembro a última vez em que me vi frente ao espelho para estes cuidados, que me elogiam assim ? Devo estar doida,  no mínimo!”

E depois querem que aceite elogios sem fazer cara feia e ripostar!

sábado, 25 de julho de 2009

Albergue

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Neste momento a população residente em minha casa viu-se aumentada com a chegada de uns hóspedes muito sui generis. Estou habituada a ter visitas de outra índole. Estas não estavam previstas nem nos meus planos mais remotos.

Quis o destino que assim fosse e o que  tem de ser, tem muita força.  E o Urso (leia-se Andarilho)  que cá mas deixou também! Pois que me encontro  a dar albergue a duas meninas. A Pipoca e a Tininha, respectivamente Gata e Tartaruga.

A visita das ditas cá ao meu espaço decorre, até agora, sem incidentes. Mas confesso-me apreensiva.

A Tininha é um anjo. Não um amor de criatura, mas um anjo, porque não dá trabalho ou chatice alguma, quietinha que está no seu aquário.

Quanto à Pipoca…nem sei que dizer. Ela é uma Gata. Bicho pelo qual tenho especial embirração  e claro, imenso pavor. E é uma gata nova. Quase que me vem de cueiros ainda. E anda a descobrir ainda o mundo ao invés de pachorrentamente dormir a um canto. Está confinada à minha cozinha porque os ímpetos exploratórios da bicha são imensos e sempre que pode, eí-la que desaparece rumo à descoberta do admirável mundo novo que para ela é a minha casa.

Mas tem-se portado bem. Um comportamento que é um primor, um asseio nunca antes visto e educadíssima sobre todos os pontos de vista. Incluso o de se abster de miar desalmadamente porque está sozinha (Espero que assim se mantenha porque me dava jeito ter uma boa noite de sono).

A pontos de eu estar com um peso na consciência do tratamento que lhe estou a dar. Mas que fazer? Os gatos são abusados e daqui a pouco, se estivesse comigo na sala, já estaria em cima de tudo quanto é sofá e eu de cabelos em pé e aos gritos, com o desespero.

Pelo que se virmos bem, quem se está até a portar muito bem sou eu, condenada que estou a dividir espaço com estas criaturas. Até que chegue a salvação. Ou seja, quem as venha buscar.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

terça-feira, 21 de julho de 2009

Pobre

Pobre do coxo, do maneta, do cego, do surdo e do mudo. Pobre do que tem fome,  do que morre de sede e do que não tem um tecto para viver. Pobre do que não tem acesso à saúde, aos medicamentos e  a condições básicas de vida.  Pobre do que vive sem liberdade, sem direitos e sem ser capaz de  fazer ouvir a sua voz.

Pobre.

Pobre daquele que tendo tudo isto não percebe que é rico.

Só porque é pobre de espírito.

sábado, 18 de julho de 2009

Vontade

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E hoje acordei com uma imensa vontade de ter duas agulhas e um novelo ao meu dispôr, para começar a tricotar. Não interessa o quê ou o como. Ou até o porquê ou mesmo o para quê.

Apeteceu-me. Apetece-me fazê-lo um dia destes.

Estar sentada num sofá com gente à volta. De conversa e fazendo placidamente a malha. Com um fio grosso. Numa cor viva. Num gesto repetitivo. E super relaxante.

Mosca

Eu (enchendo-me de coragem e fazendo a pergunta) - Quem é mais gorda  eu ou a …?

Ele 1- Ah…não sei…(entretanto, mira-me de alto a baixo como se acabasse de me ver e não tivesse ainda tido tempo de formular opinião)…não ligo muito a isso…não sei mesmo.

Eu (em pensamento) - Humpf! Imagino!

Ele 2 (feito cusco)- O que é que perguntaste?

Eu - Estava a perguntar quem era mais gorda se eu se a…

Ele 2 – (novamente mirada de alto a baixo como se fosse um ser nunca antes visto. Algo caído do céu. Assim. De repente.). Não sei. Eu não ligo muito a isso.

Eu (em pensamento) - Sim, sim, estou mesmo a ver o “não ligo muito a isso”. Que mal que disfarçam. Não querem mas é responder para evitar fosquenhices! E ainda assim, a que é que ligam, senão ligam a isso?  Estou mesmo a ver!

Muito gostava eu de ser mosca para saber.

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quinta-feira, 16 de julho de 2009

Febre

A bem dizer não é bem uma febre. Trata-se mais de um desejo. Uma vontade desalmada de me enfiar numa sala de cinema com um balde de pipocas acoplado  à minha pessoa, a ver um filme  encantador.

E o filme arranja-se?

Pois!

Não…..:(

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domingo, 12 de julho de 2009

Estreia

Numa situação de estreia absoluta fiz ontem a aparição num espaço público com um novo penteado.  Num arremedo de inspiração e audácia eis que me pus defronte de um espelho com o objectivo de me presentear com dois xuxus. Velha  e antiga ambição,  que por motivos vários tardava em realizar e que finalmente consegui concretizar.  Bem,…concretizar não é bem o termo porque parecia uma tontinha  com os ditos cujos, pelo que, e não dando o braço a torcer, tive de enveredar por outros caminhos  e passar para o plano B. Se os xuxus não estavam capazes iam-se desmanchar os xuxus? Nem pensar! Vá de que,  com os mesmíssimos xuxus, inventar de imediato outro penteado igualmente giríssimo.  Que é como quem diz enrolar os ditos sobre eles mesmos e ficar com qualquer coisa parecida com duas pequenas antenas laterais na cabeça. Assim parecido com o penteado típico das Austríacas.

Lamento não dispôr de foto ilustrativa mas ninguém teve a amabilidade de me retratar. Gira que estava!

Estou ansiosa para o estrear em mais sítios.

Nota: O espaço público anteriormente referido foi a praia.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Balancete

Aquele exercício que me comprometi a fazer, obrigando-me a olhar para trás e a ver como me correram os seis últimos meses. E  que me apetece tanto fazer como nada.

Não é preguiça. O que acontece é que simplesmente não consigo avaliar.  Talvez por ter memória curta para as minhas coisas. Não faço ideia.

Sei que as coisas não me correram mal. Sei que cumpri já grande parte daquilo a que me propus. Sobretudo no que eram coisas fazíveis.  No entanto, acho que estou a falhar redondamente nas coisas sentíveis.

Sinto que me estou a fechar. Que de novo estou numa fase em que  me tranquei em mim.  Em que só a saca-rolhas sabem do meu eu, e que mesmo assim, mesmo destapada,  rapidamente dou a volta ao texto e me escudo sem transpirar nada de nada. Eu própria não sei o que anda nesta cabeça porque me recuso a encarar-me e a deixar que determinados assuntos me incomodem.

Sinto-me afastada. Com vontade de viver mas  sem que me autorize a sonhar.  A olhar para a realidade de uma forma demasiadamente céptica.  E com medo. Medo da perda e do sofrimento. Medo de errar. Medo de me magoar. Medo!

Enfim. Podia dar-me para pior.

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Tiro e queda

Muitos dos meus momentos de nostalgia surgem comigo ao volante, com a cabeça a vaguear e a ouvir musica. É uma combinação fatal.  Um tiro certeiro com queda assegurada. Quando viajo sozinha é certo e sabido que acontece.

Na última viagem que fiz apanhei-me debulhada em lágrimas, assim de repente. E ainda que sem como,  as lágrimas tinham um porquê. Passava na rádio a horrorosa música do Rui Veloso que diz qualquer coisa como “Não se ama alguém que não ouve a mesma canção”. E lembrei-me  o quanto gostava de alguém que ouvia comigo música,   que comigo partilhava gostos e referências, e que felizmente já não me acompanha. Mas que deixou saudade. Muita.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Desapego

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Não sei se assim de repente e num elencar de características da minha personalidade, alguém me atribuiria o apego como traço constante do meu carácter. O certo é que mesmo considerando-me eu super independente tenho esta vertente do apego muito marcada.

É um defeito enorme quando aplicado às “coisas”. Dificilmente me consigo separar de objectos meus. Prescindir de algo físico e palpável, seja o primeiro walkman que tive,  um livro  ou as imensas Holla que acumulo,  é para mim,  um pesadelo. Só o faço com muito critério, após enorme ponderação e ainda assim cheia de dúvidas, se lá mais para a frente nos anos não me vou arrepender amargamente de me ter desfeito deste ou daquele artigo.

Este apego tem também o lado que se aplica aqueles que me rodeiam.  E neste caso acho que é uma qualidade minha de que os outros usufruem. A mim não me traz grande mais valia.

Mas eu não sei estar e ser de outra maneira. Não sou capaz de deixar de estar presente, de deixar de me preocupar “com,” ou mesmo de não guardar um bocadinho do meu dia “para”.   Mesmo que com prejuízo próprio. O “outro” é-me importante.

Não volto as costas.

É por isso que me faz uma enorme confusão  o desapego e indiferença ao “outro” que por vezes me é mostrado nas relações pessoais.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Iluminado/a

oliveira-da-serra[1]Muito gostava eu de saber quem foi o/a iluminado/a que teve a brilhante ideia de lançar uma garrafa de azeite com uma tampa pop-up. Com toda a certeza pensou estar num momento ímpar de inspiração divina e acredita piamente que fez uma grande contribuição para a humanidade.

Custava que se chegasse à frente para conversarmos um bocadinho?

É que estou pelos cabelos com a dita tampa e não me importava nada de esclarecer, de forma exaustiva, o indivíduo ou a indivídua, sobre a utilidade desta tampazinha que inventou. É que não me custava mesmo nada! Antes pelo contrário. Até gostava!

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Estigma

Toda a minha vida tenho vivido perseguida com o estigma do excesso de peso. Um sofrimento atroz que não desejo a ninguém. Decorrente desta situação, surge o facto incontornável de ter com a minha balança uma péssima relação. Ainda, e que com esforço totalmente meu, tenhamos períodos de autêntica paz e são convívio.

82CAUF7GBGCADZSXNSCA3G8UZACAXGZ7RXCATCN2XGCADOBDTDCAO4ADIBCAIL1J1MCA5CMZ2WCASHTPKSCAEMK38ACAHE0WGCCAVY2X32CAIQ947CCAYAJSAECAUNMIIMCA1Q6MT5CAZ4DJ6PCAG9NSI9 Mas é sempre uma incerteza aquilo que ela me vai dizer. E é sempre com o coração apertado que  a ela me dirijo.  Em regra,  é-me necessário,  um grande poder de encaixe para  suportar o veredicto da dita cuja.  Desestabiliza-me de tal forma que me vejo a correr para a lojas em busca de tamanhos L de forma desenfreada. O que vale é que é uma grande mentirosa!

Ainda visto S e M. 

Ordinária!