sexta-feira, 10 de julho de 2015

Gosto

Muito do meu dia de ontem foi passado a observar outros. Não por qualquer tipo de taradice que me esteja a atacar, mas porque quem está de assistência à família num Hospital, tem todo o tempo do mundo para estes e outros passatempos, enquanto espera que as horas passem.  
Registe - se  que tudo está bem em termos de saúde comigo e com todos os meus e que a intervenção cirúrgica da minha cara metade correu bem, estando nós já em casa. 
Nas imensas coisas que fui observando ( é verdade…não me escapa nada…às vezes não gosto de ser assim…) dei conta de um miúdo, 9, 10 anos, que chorava, assim de uma forma meio contida, mais amuo que choro, sobretudo mais desconsolo do que raiva, maõs nos bolsos,  posição típica de desafio ou de defesa, qui ça! e que dizia para uma senhora, que presuponho ser a sua Mãe: "Pois! Também não posso fazer nada!". E como esta Mãe, toda paciência, falava com ele de uma forma super calma e que no fim o fez dar um sorriso meio escondido, meio a contragosto, mas cujo significado não era outro senão o de que o desgosto que o miúdo tinha, passou. 
Note-se que nada ouvi da conversa, a não ser a frase que li nos lábios do miúdo, mas que todo a linguagem gestual foi imensamente expressiva da situação, sobretudo porque me foi imensamente familiar.
Revi-me na figurinha, a fazer uma birra e tendo a minha Mãe ou ao meu Pai ao a conversar comigo e fazer-me vir lá do fundo da minha mágoa, por isto ou aquilo, dando-me a volta e fazer-me ver cor em em algo que até ai me parecia de um negro profundo. 
Saudades de quando eles conseguiam fazer-me isto.  E ainda conseguiriam, não fosse o facto de eu ter crescido e infelizmente ter perdido a capacidade de me deixar convencer. 
Apesar desta saudade foi um gosto assistir à cena e recordar. 
Deixou-me de sorriso na cara.