Permissivíssimo.
Quando aplicada, esta palavra tem sempre uma conotação negativa. É sinônima da incapacidade de alguém gerir uma situação com um outro alguém, mesmo que esse outro alguém seja, tão somente, o nosso bicho de estimação. Significa que em determinado momento, cedemos nas nossas vontades, fomos ultrapassados nos nossos quereres por terceiros.
O ser permissivo é visto como um defeito. Algo que não se deve praticar sob pena de ficarmos entre-mãos com uma situação sem volta e extremamente difícil de controlar. Ser-se permissivo dá origem às maiores fatalidades e uma vez tendo ocorrido a “tal “fatalidade, o facto surge-nos como consumado:
“Que queres? Fui permissivo! Não tenho forma de lhe dar a volta!”
Mas ainda assim…o contrário de uma pessoa permissivista é um individuo autoritário. Alguém que pratica “o quero, posso e mando”. O “Ou é assim ou assim é” sem que admita qualquer tipo de opinião.
Este é um defeito bem pior do meu ponto de vista, do que ser-se permissivo. Mas o autoritário surge aos olhos de toda a gente como um ser forte, pessoa capacitada para resolver situações, tem é “Só um defeitozinho, é autoritário”. É uma pessoa reconhecida. Respeitada (pode é não ser amada, mas isso é outra conversa).
Quem tem o azar de em determinada situação ser permissivo é visto como um banana, um fraco, um incapaz.
Em teoria ,o ideal seria o q.b. das duas atitudes. O ser-se permissivo pode até ser uma atitude inteligente em muitas situações, o que já não acontece com o autoritarismo e a prepotência.
A atitude do permissivo tem sempre mais diplomacia e savoir –faire do que a imposição de uma vontade. Mas o infeliz, ainda que em atitude construtiva, vê as suas intenções gorados por causa de uma coisa simples.
Aquele sob o qual se foi permissivo aproveita a situação, e toma a permissividade como fraqueza. De imediato regista num cantinho da mente o acontecido. E trata logo de aplicar o apreendido numa próxima situação similar. Aquilo que foi um voto de confiança e não uma regra é tomado como sendo a norma.
E assim se articulam. De imediato. Permissivo e permissivado. Com ascendente deste sobre o outro.
Logo…mais vale ser autoritário e nada permitir. Tem-se melhor resultado. Ganha-se mais para nós. Porque a generosidade de partilhar com o outro pode sair-nos cara.
Nota: Eu não acredito nada nisto que escrevi, mas o bom senso obriga-me a dizer que às vezes esta esperteza autoritária faz muito sentido.
Notazinha: Isto saiu-me depois de ir ver o novo do Woddy Allen, em que a Scarlett permitiu à Penélope que partilhassem o Javier. Resultado?
A Scarlett perdeu.
4 comentários:
Infelizmente não consigo agir em equilíbrio. Sou uma autoritária permissiva, o que faz de mim um ser estranho que tanto é amado como odiado...
Ana GG,
Acho que ninguém consegue esse equilibrio, e ainda bem, senão era um tédio esta vida.
Beijo
Pois sim. Abriste-me os olhos. É o meu altruísmo. Não faço nada dele. Pois que terei de me esforçar para ser menos permissivo contigo. Toda a gente faz gato e sapato de mim. Tudo gente aproveitadora....
Beijo
P:S. Estava na cara que ela (a Scarlett) ia perdê-lo, permitido ou não!
Andarilho,
Tenho para mim que desconheces o significado da palavra altruismo. Estás sempre a aplicá-la e deixa-me dizer-te que incorretamente. A menos que altruismo signifique qualquer coisa como "a capacidade de parecer que faço o que os outros querem mas no fundo só faço aquilo que quero". Duvido que assim seja.
Aprende!
Nota:Que estava na cara estava. Que foi mais depressa por isso foi.
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