A forma como uma simples espreitadela a uma rede social me faz perder a noção do tempo é assustadora. O poder aditivo que tem é qualquer coisa de avassalador e extremamente preocupante.
E falo de mim, adulta, com capacidade de me observar e de constatar que não raras vezes passo demasiado tempo a ver coisas, quando deveria estar a fazer outro tipo de actividades que me dariam infinitamente mais retorno.
Eu, que sou capaz de me policiar e dizer chega, que sei distinguir o bem do mal, o certo do errado. E que mesmo assim, não raras vezes caio na esparrela da rede social, do comodismo de passar o dedo pelo ecran e na anestesia de estar sempre à procura de algo novo que suscite um lampejo de interesse, o que acontece 1 em cada 1000 vezes, assim numa prespectiva optimista.
Eu, que tenho capacidade crítica, que mal pego no telemóvel durante o dia para esse tipo de actividade, mas que me vejo em tempos de ócio com as mãos livres e como imediatamente elas se ocupam com o que não deveriam.
Não sou ave rara neste assunto. Vejo, à minha volta, a alienação que o telemóvel e rede social X,Y ou Z vai fazendo em todos os que me rodeiam. Os tiques que se ganham. Os hábitos que se instalam. Os hábitos que se destroem e como a prioridade é o que se passa do outro lado do ecran e não no que está à nossa volta. E sinceramente pergunto-me como é possível acontecer algo assim? Uma actividade aparentemente inofensiva que acaba por ser altamente nefasta para a pessoa e as suas relações. Para a nossa saúde mental pessoal e colectiva.
E mais confusão me faz quando vejo crianças agarradas a ecrans.
E como estes seres, mais ao menos adiantados na idade, em formação de modelos e rotinas, vão integrar este hábito como algo de normal. E como vai ficar inculcado na sua percepção que o que passa do outro lado do ecran são vivências ditas normais.
A menos que tenham alguém que lhes proporcione outras vivências e os ajude a interpretar o que vêem do outro lado do ecran. O que, sinceramente, não vejo acontecer com a frequência que gostaria.
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