Em conversa, enquanto me apresentavam um produto, realçavam as suas qualidades e, como de costume, denegriam toda a concorrência:
-Este conceito de produto é completamente novo. A abordagem que fazemos é a correcta e ao mesmo tempo, muito logica e simples, nada tendo a ver com a michelândia que continua a existir no mercado.
Michelândia?
Eu que estava ligeiramente distraída face ao blá blá comercial do costume, sou forçada a regressar as pressas à conversa e ponho-me à escuta. Michelândia? Por momentos olhei meio atónita para o Sr. pensando que ia surgir alguma coisa nova após a michelândia. Ocorreu-me de imediato o homenzinho gordo dos pneus, e esperava, sinceramente que fosse dali surgir uma continuidade que tornasse logica a michelândia. Mas não surgiu. E eu tive de me render às evidências. O homem queria dizer miscelânea e saiu-lhe aquilo. O pior é que eu tenho a nítida sensação que aquilo não saiu como um erro. O individuo encontra-se convicto que está a dizer o correcto. E vá de aplicar o termo que lhe parece giro. E eu? Sou menos boa pessoa por não o ter avisado? Deveria eu tê-lo alertado? Pego no telefone e ligo-lhe já? Questões que me atormentam. Não tanto como ouvir michelândia, mas no entanto…
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