Habituei-me a ver o choro como a tradução de uma situação não agradável. Resultado de uma dor física ou de um dor emocional que assim se expressa. Um pouco a ideia que nós todos fazemos do chorar, se tal generalização me é permitida.
Chorar acontece quando algo nos afecta. É consensual que não é agradável fazê-lo, nem abona em nosso favor dizer ao vizinho mais próximo “Estive a chorar”.
É algo que inspira pena, inquietação e imensas dúvidas sobre a nossa sanidade mental.
Mas chorar pode não ter nada a ver com tudo o que disse atrás. E não estou a fazer um elogio ao choro ou a recomendá-lo como forma de estar. Nada disso.
Apenas e só partilho uma constatação minha.
Ultimamente percebi o quão chorar pode também ser libertador. Funcionar como uma forma de libertar tensão. Ser prazeiroso. E de facto, é-me prazeiroso chorar. É capaz de dissipar energia. Dar-me força para continuar. Tornar-me apta para enfrentar as contrariedades.
Pode pensar-se…endoidou de vez!
Não é o caso.
Sei o que estou a dizer, e o como o choro me ajuda a andar para a frente.
Contra-senso.
Aparente.
Apenas e só aparente.
Não é um exercício que faça diariamente, não tem ritmo, cadência ou hora marcada, acontece quando acontece. E acontece quando deve acontecer.
E após semanas sujeita a uma tensão imensa, hoje chorei.
Já tinha dito para os meus botões e para quem me quis ouvir que andava precisada de chorar. Há muito que não o fazia.
E foi hoje!
E ainda bem que o foi.
Ao invés de deitar abaixo, de fragilizar………fortaleceu!
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