Calor. Imenso. Hora de almoço. A sensação de quem entra dentro de um forno a 200ºC quando se saí de um prazeiroso ar condicionado regulado para os 23. A longa travessia entre o local de trabalho e o carro. Longa…
O carro, qual miragem que parece estar logo ali, mas que está longe para burros, quanto mais para aqueles que não o são. O padecimento de quem se arrasta até ele tentando alcançá-lo o mais depressa possível, que não pode ser muito depressa por causa do…calor, claro.
Chegada junto do mesmo e em virtude de não ter pilha no comando à distância que o abre, surge o gesto de pôr a chave na fechadura.
Pronto…aberto está. Um forno ainda pior que o primeiro. O ar acondicionado e condicionado por uma manhã de sol está insuportável. Sua-se em bica. Os cabelos colam-se ao pescoço, sentem-se gotinhas cara abaixo. Imagina-se uma desidratação a todo o momento. Porta fechada. Cinto a pôr-se.
Vamos embora. A chave para pôr na ignição. A chave. A chave? A chave! Segundos passados a tentar localizá-la. Dentro do carro e depois dentro da cabeça. Dúvidas que se instalam: “Se abri a porta é porque trouxe a chave, não é? Costuma ser assim…” Segundos que se arrastam. Onde está?
Eureka! Está na fechadura da porta, essa mesmo que fica do lado de fora do carro. Essa mesma que se fechou depois de entrar. Essa mesmo…!
Assim se anda! Em que os gestos mecânicos do dia a dia estão tão mecânicos que dá nisto. Um ser disfuncional nos pequenos pormenores como articular pensamento que é preciso tirar a chave da fechadura.
2 comentários:
Já está a arrefecer... calminha!
mfc,
Não, sei não...
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