A enorme angústia de quem se vê a acabar um livro, companheiro inseparável de muitas e longas horas. O travar que sempre me acompanha quando começo a ver que as páginas escritas estão a escassear. O consumir de letras, cheia de remorso. Não sendo culpa minha, a velocidade com que leio torna-se factor determinante para definir o momento em acaba a relação entre mim e a história. O sentimento de culpa que me assola quando devoro letra após letra. O tentar não acabar o livro de forma a perpétua-lo mas sem abdicar do prazer de o ler. Como se fosse compatível tal atitude.
Tantas vezes já me aconteceu. Não direi que sempre e em todos os livros por mim lidos, mas na sua grande maioria este é um cenário que retrata bem o “momento”.
O “momento” do final. Da inevitável separação. Mesmo quando um livro não é aquilo que nós esperava, é dificil sair dele, da sua história e das suas personagens e entrarmos logo noutro supetão. Quanto mais se foi um gosto lê-lo!
E o que se segue não é melhor. Aliado a esta angústia surge a incerteza da aquisição de um novo livro.
E agora? O que vou ler? A que livro me vou ligar e que livro será digno de me acompanhar? Qual será o livro que me trará de novo prazer? A inevitável visita à livraria. A busca por aquele que será o “certo”. A leitura das sinopses, coisa que a experiência me diz de nada servir mas que me habituei a fazer, qual condição sine qua non para vir com um livro para casa. O folhear e o ler de passagens do dito cujo. O avaliar do número de páginas que o livro tem. Querem-se coisas muito elaboradas e carregadas de páginas. O drama de saber se vou gostar. O ter de decidir. O não puder voltar atrás com a escolha. Não se começa um livro e deixa-se em meio porque não se gosta. Há que ler até ao final para saber se sim, se não. Dai a determinante da escolha. Vá que se arranja uma estopada e tem de se levar até ao fim!
Enfim! Angústias enormes que passa quem quer ter um prazer tão simples como é o ler. E que acaba de vir de uma visita algo demorada a uma livraria(=Fnac) com uma enorme insatisfação por não ter encontrado o ”tal”, tendo de se contentar com o que havia disponível no momento.
2 comentários:
Lá venho eu outra vez. parece perseguição minha ou tua. mas que queres o "puder" ler sem o encontrar nem sempre acontece...
Os pontinhos neste caso são só para despistar. Bji. mãe
Mãe,
Prova provada que ainda não percebi o erro, ainda que, garantidamente de cada vez que escreva um pude, me ponha a ver se é mesmo assim ou não.
Imagem de marca minha, pelos vistos.
Beijo
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