sábado, 20 de setembro de 2008

Desilusão

No mês de Junho, e numa conversa à mesa de uma esplanada, falava da desilusão que fora para mim conhecer um "alguém".
"Alguém" esse de quem eu fizera, na minha cabeça, uma imagem de acordo com aquilo que me foi sendo passado durante um período de convivência mútua. Era uma imagem que eu gostava, mas que mais tarde vim a perceber ser bastante diferente da real. Uma imagem que tinha um reverso, uma outra face que eu desconhecia, de todo em todo, e que de facto não gostava nada mas nada.
Depois desta conversa que tive enquanto tentava apanhar sol num dia cinzento e chuvoso de verão, e quando fiquei sozinha a falar com os meus botões, e sendo peniquenta com as palavras, comecei a escalpelizar esta coisa da desilusão. E porque tinha eu dito que fora uma desilusão.
É que assumir uma desilusão pressupõe acreditar numa ilusão.
E de facto em ilusões eu não acredito.
Como podia eu então aplicar a palavra desilusão se achava que ilusões não existem?
Voltas e revoltas que dei a argumentar comigo e com a razão de ter aplicado tal palavra.
Conclui que não devia tê-lo feito.
Se não acredito em ilusões nunca poderei ter uma desilusão.
Não é possível segundo o meu conceito desta palavra.
Não existe a "desilusão".
O que existe então que justifique um pesar, um volte face, um....ver diferente para com alguém? Que eu diga que vivi uma desilusão?
Cheguei à conclusão que é falta de transparência.
Existe "alguém" que nos mostra uma face, que não ilude, mas que mostra uma face e que depois, de acordo com as circunstâncias se nos vai revelando na sua verdadeira essência.
Faz
parte do ser humano ser complexo, e é, inclusive, impossível abarcá-lo em toda a sua complexidade e perceber como é na sua plenitude. Mais difícil se torna se alguém que connosco convive tem falta de transparência. De seriedade e de lealdade para com os outros e para connosco.
Foi isto que me levou a falar de desilusão.
Infelizmente (felizmente!?!) eu sou muito transparente e a esta imagem vejo o resto do mundo e assim o interpreto.
Mas o mundo não é assim.
E eu não sou capaz de aprender a ser diferente.
E gosto de ser assim.
O pior?
É a desilusão................e com um enorme sorriso o escrevo!
É que apesar de não ter ilusões, de achar que não me iludem, eu, no fundo, no fundo desiludo-me!
Curioso, não?

6 comentários:

ANDARILHO disse...

Depois logo venho comentar isto como deve de ser. Agora vai um comentário para desenrascar. Pensei que as pessoas pudessem pensar que se tratava de mim, já que também sou uma pessoa próxima. Nada disso, eu, quanto muito sou a +pessoa que se fala no início, a que estava na esplanada. Nada de confusões!
Beijos

SRRAJ disse...

Bem-vinda de volta. Ai que saudades, ai, ai.
Também já me desiludi. Várias vezes. Umas vezes por "mérito" de pessoas mestres na arte do disfarce, da ilusão e da omissão. Outra, a mais dolorosa de todas, pela minha capacidade de acreditar naquilo em que eu queria acreditar apesar de tudo e de todos. No meu caso foi um misto de iludir-me e de deixar-me iludir (mais a 1ª do que a 2ª).
Jinhos

Ana GG disse...

Ainda bem que voltaste! Já tinha saudades.

Eu, confesso, iludo-me e também me desiludo bastante quando crio expectativas elevadas. Não sei de qual sensação gosto menos se da ilusão com pleno conhecimento de causa ou se da desilusão...acho que a 2ª é mais dolorosa.

Um beijo

Kika disse...

Andarilho.....
Comentário para desenrascar!
Ok!
Valha-me o meu poder de encaixe para aturar um comentário para.....desenrascar! Fazes muitos assim e fugiu-te a boca para a verdade ou de facto tencionas voltar e comentar? Terá algo a ver com uma retaliação da tua parte, estilo vingança que se serve fria, porque eu estou há um tempão sem te comentar? Que me dizes?
Quanto à eventual confusão de que falas, e esclarecendo duvidas dos caros leitores e para que não te sintas atingido e alvo de suspeição alheia, pois que não, apesar de "próximo" não participaste em nenhum dos acontecimentos por mim referidos. Estás livre de mácula e aqui fica escrito para a posteridade.

Beijinhos?

Ps. Esta foi a pior resposta a um coment que alguma vez escrevi..........mas tinha de começar por algum lado a desbravar trabalho (os milhares de coments que tenho para responder)...e foi mesmo por aqui que iniciei a tarefa!
Paciência, melhores dias virão.

Kika disse...

Sarrj;

Olás! :)

Eu não acredito na ilusão, em ilusões. E apesar de achar que por vezes "sonho" com realidades que não são de facto aquelas com que posso contar, este "sonho" é muito controlado e racional, muito com os pés na terra.
O que não invalida que me desiluda.

Beijo

Kika disse...

Ana GG!

Viva!

Sabes a segunda é mais dolorosa mas dura menos tempo que a primeira que tu descreves. Essa deixa um permanente amargo de boca enquanto se está a vivê-la.

Beijos!